Bem-vindos à minha história!
- Thaisa S. Busch
- 3 de nov. de 2016
- 7 min de leitura
Meu nome é Thaisa I. de Mello Soares Busch, tenho 28 anos, sou jornalista, assessora de imprensa, esposa do Raul e mãe da minha anjinha Catarina e do Pinga, um buldogue francês.
Sou de São Caetano do Sul, São Paulo e venho através deste blog contar à batalha que enfrento desde 04 de julho de 2016. Uma batalha que nunca tive a oportunidade de vencer e sair ilesa, mas que levei um aprendizado e conheci o meu amor eterno, a minha Catarina.
Bom, após ler o blog da Carol Oliva, senti uma grande necessidade de expor toda minha história, assim como ela fez. Seus vídeos tocaram a minha alma e revivi cada segundo do momento mais triste da minha vida. Por isso, agradeço-a pela sensibilidade de como tratou e trata esse assunto tão delicada, e a maneira sublime de lembrar do seu João.
Do sonho ao pesadelo

Sempre sonhei em ser mãe, aliás, dizia que minha missão aqui na terra era ter filhos e ser a MÃE. Reguei esse desejo e o alimentei com toda a minha família e amigos. Procurei me informar de todos os assuntos e me cuidar, me prevenindo com um dos melhores medicamentos do mercado, o qual usei durante sete anos. Sempre fui muito regrada, pois tinha planos e neles incluíam uma família estruturada emocionalmente, acima de tudo.
Foi então que em 2012 conheci meu marido e começamos um relacionamento que logo se tornou sério e em 2015 resolvemos nos casar no civil. Já estávamos morando juntos, portanto nossos planos eram construir uma família em breve.
Em minhas visitas de rotina ao ginecologista ele sempre me acompanhou e relatamos para o médico sobre nossa vontade de "engravidarmos", mas mais do que isso, tinha muita vontade de parar o anticoncepcional pelas histórias que já havia lido sobre trombose.Foi então que comecei a fazer alguns exames para saber se futuramente poderia começar a minha tão sonhada família. Como o esperado, tudo normal e estávamos prontos para sermos papais.
Com o casamento se aproximando, nossa vida ficou uma loucura. Meus dias se resumiam em trabalho, pesquisa de fornecedores, ideias para o casório e orçar destinos para a lua de mel. As semanas começaram a voar e com elas a minha ansiedade foi tomando conta. Alguns dias antes comecei a sentir algumas tonturas ao virar a cabeça, mudar de posição na cama... Mal sabia que era a gravidez batendo a nossa porta.
O casamento chegou e após ele a lua de mel. Destino escolhido: Punta Cana. Lá se foram 14 horas de voo, passeio em ilha e tudo correndo mil maravilhas. O único sinal que tive, ou melhor, falta de sinal, foi o atraso da menstruação. Pensei que era melhor deixar para quando voltasse ao Brasil e foi isso que fiz.
Exatamente no dia que voltamos, meu marido quis fazer o teste de gravidez e?????????? Grávida!!!!
Sabe aquele sonho de ser mãe? Me assustei! Isso mesmo, entrei em um misto de felicidade e medo que foi difícil enfrentar. E quando comecei a passar mal então? Ai sim meus dias foram só reclamar. Reclamar pelo enjoo, tontura, falta de roupa, pelos dias agarrados à privada. Mas com uma família abençoada, esses dias passaram e a fase mais gostosa começou, a fase do planejamento.
Qual carrinho? Qual berço? Qual roupinha? Qual estilo de decoração?
Eu queria tudo do bom e do melhor e graças a Deus, ao meu trabalho, meu marido, meus pais, sogros e familiares eu tive.
Como eu poderia deixar de esquecer? Meu pré-natal? Maravilhoso! Magra, sem doenças, pressão perfeita, bebê perfeito e ganhando peso a cada ultrassom.
Também me esqueci de dizer que não sei por qual motivo, mas sempre achei que meu primeiro filho seria um homem. E quando fui descobrir o sexo, uma menina. Não posso negar que na hora custei a acreditar. Pois, oras, eu tinha certeza!
Logo escolhemos o nome da nossa princesa, Catarina. Como ela foi mimada, bajulada e amada, meu Deus! Nós vivemos por ela, todos os nove meses.
Sua madrinha, minha prima Natasha, nos acompanhou em todos os ultrassons e vibrou a cada centímetro e quilo ganhado. Meu marido então, sempre ao meu lado, me apoiando, ajudando e vibrando com sua filha.
A Catarina tinha previsão para nascer no dia 20 de julho, dois dias após o aniversário de seu pai. Que presente! Minha vontade? Parto normal/natural é claro!
Tudo foi perfeito até a 37ª semana. Em uma consulta de rotina do pré-natal, em uma segunda-feira, tinha uma queixa para o meu médico. Neste dia a Catarina tinha se mexido menos, mas neném é assim mesmo, ele vai crescendo e fica sem espaço para se mexer...
Entrei no consultório, fiz minha reclamação, conversamos sobre o parto que se aproximava – faltavam 15 dias – e fomos para a sala fazer o terrível exame de toque e escutar o coração da minha princesa.
...................
Foi esse o silêncio que ouvi. Não, não era como de costume, aquele barulhão, aquele turbilhão de sentimentos e o riso de todos no rosto. Um clima estranho pairou no consultório e meu obstetra começou a fazer todos os exames ao seu alcance. Até a hora que fui encaminhada para a maternidade para fazer um ultrassom com Doppler.
Ao sair do consultório o desespero tomou conta de mim. Eu gritava, chorava, berrava. Acho que no fundo, aquele sentimento de mãe, já sabia que algo não estava bem. Partimos para a maternidade e não me lembro de nenhum trecho do caminho. Meu marido dirigia descontroladamente.
Só sei que o pesadelo começou quando o médico escreveu naquela TV SEM BATIMENTOS CARDÍACOS. Nunca me esquecerei!
PRONTO, minha vida acabou neste minuto. Enlouqueci ...
- pausa para o choro incontrolável –
Meu marido me carregou no colo e me colocou na cadeira de rodas. Só pedia para Deus me levar junto. Eu, naquela hora, queria ir com ela ou por ela. Meu bebê que tanto sonhei havia morrido e eu, sua mãe, não podia fazer nada. E o Raul? Junto comigo ele também surtou, chorou e se descontrolou.
POR QUE COM A GENTE?
Minha mãe ao meu lado chorava e tentava me acalmar. Fui levada para o quarto de preparação, até a liberação de toda parte burocrática. Comecei a receber familiares e amigos. A todo o momento alguém chegava com uma palavra de consolo, mas a minha dor só aumentava. Com ela a revolta também tomou conta. Meus tios e meu pai - que todos os dias esteve comigo, desde o primeiro horário de visita até o último - chegaram e só conseguia chorar.
Eu questionava o porque de acontecer comigo, o que eu tinha feito para merecer aquilo, onde eu tinha errado. Foi então que me culpei por aquela fase do começo da gravidez, achando que tinha dado amor de menos, que tinha amado menos do que ela merecia.
Subi para o quarto que então enfrentaria o começo do meu pesadelo. Os médicos então disseram que o protocolo em casos como esse seria a indução, por meio do parto normal. Naquele momento eu aceitava qualquer coisa.
No dia seguinte meu obstetra me visitou e disse que o melhor a optar seria a cesárea – emocionalmente falando.
Só que eu já havia consultado o Dr. Google e lido sobre o tempo de espera para uma próxima gestação no caso de cesárea e normal, então decidi enfrentar as dores das contrações. Foram 12 horas enlouquecedoras, de socos, pontadas e desespero para um final tão triste, sem a vitória de seu choro. Neste dia comigo dormiram o Raul, minha mãe - que em momento nenhum saiu nem para beber água - e a Natasha.
No dia 6 de julho, as 2:39 da manhã tive o parto normal, não o natural, mas o normal com a episiotomia. Sofri todas as dores possíveis e imagináveis, mas nenhuma foi e é maior do que a dor da alma.
Eu quis e segurei por 40 minutos a minha filha, linda e perfeita. Ela nasceu com 3200 kg, com dedos compridos iguais aos meus e os cabelos e a boca iguais a do seu pai.
A todo momento tocava o seu nariz, lábios e rosto. Peguei em sua mãozinha e por um momento achei que ela logo fosse acordar. Sonho meu!
Encostei meu rosto ao dela e falei o quanto a amava e ela foi retirada de mim....
Como pude me esquecer? No pós, fiquei adormecida até me recuperar, mas me lembro do meu marido voltando para me falar. - Melhora logo para você subir e ficar comigo.
O próximo passo era mais difícil que eu podia imaginar. O seu enterro... Meu Deus, eu não me preparei para isso.
Sempre tive muita empatia por histórias iguais a minha, antes de acontecer, pois imaginava o quanto era difícil enterrar um bebê. E realmente, foi a coisa mais difícil que já fiz.
Tive alta dia 07 de julho na parte da manhã - dia em que fazia 9 meses de casada - e de tarde eu e meu marido a enterramos. Fomos cercados de amor, carinho, mas nada daquilo importava. Nosso questionamento não parava e a dor dilacerava. Nossa princesa, com a roupa que tanto sonhamos vê-la, naquele caixão frio, sem o nosso calor... Minha vontade era de a roubar -engraçado dizer roubar, sendo que ela é minha - e trazer para casa.
O enterro acabou e com ele nossa esperança de vê-la em nossos braços novamente.
Fui muito amparada por meu marido que me surpreendeu em cada momento. Que homem!
A partir disso, eu e ele nos unimos ainda mais para mostrar o quanto nós a amamos. E sei que de onde ela estiver, ela sabe desse sentimento.
Minha princesa, mamãe e papai agradecem demais todos os dias pela oportunidade de ter você, um anjo, em nossas vidas.
Nos perdoe pelo erros e momentos de fraqueza.
Te amamos inexplicavelmente❤️
*Quero deixar meu agradecimento a todos meus familiares. Obrigada mãe e pai, vocês são maravilhosos! Obrigada irmã Nat, Gabi e Bia. Obrigada tia Ana, Zana, Brunex e Mauricio. Obrigada sogra, sogro, cunhados. Obrigada Dri, Flá, Dé e Raquel. Obrigada Dri, Sâ e Ma. Obrigada tia Leila, Greice, Márcia. Obrigada aos nossos amigos em comum Dan, Ju, Lele, Junior. Obrigada Clara, Rê, Maria.... Me desculpe os nomes que esqueci, por favor! Obrigada pelo amparo de todos! Mas, obrigada meu amor, por todos os dias.
Comentários